domingo, 6 de setembro de 2009

um ar de rio


É noite. Uma brisa corre ao longo do Douro, à medida que a noite vai avançando. A ponte da Arrábida como pano de fundo. Pescadores solitários, escuros e silenciosos vão lançando uma e outra vez o anzol na água imóvel do rio; são homens que esperam pacientemente um peixe que comunique, que quebre a pacatez que os envolve.

Parecem alheados da realidade, dos carros que passam incessantemente e dos risos que ecoam das esplanadas. É a calma e a letargia que contrasta com os sons de conversas de esplanada, intercortadas pelo tinir de copos e por gargalhadas que esvoaçam de algumas mesas, da nossa mesa de café.

São pescadores de sonhos perdidos. Acredito que o sejam. São pescadores que procuram agarrar com o anzol a vida vazia que os preenche. Lançam a cana como quem procura alcançar uma oportunidade que se esvaiu e, repetidamente, puxam a linha para começar de novo e trilhar um outro caminho.

Num instante, uma conversa faz-se desviar o olhar e fixar-me, de novo, na mesa de café onde é noite e as gargalhadas são constantes. Olho de soslaio um pescador que arruma o material e regressa a casa onde, talvez, tenha uma gaveta na qual guarda os sonhos por cumprir.

É noite. Uma brisa corria ao longo do Douro, à medida que a noite foi avançando. A ponte da Arrábida como pano de fundo...

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois parece a ponte dos Penedos Altos lolololololololololol

André disse...

Se exceptuarmos o tamanho, a envergadura e o rio que lhe corre por baixo, até tem as suas semelhanças... eheheheheh

Anónimo disse...

Menos,menos......
Não vamos comparar uma ponte opulente e necessária, com uma ponte autárquica de necessidade ditatorial, que só serve de marco para uma política soberana e desprendida das necessidades do comum dos mortais, neste caso dos Covilhanenses