(...)
Chuva, breu e gasolina, bar aberto, companhia,
cheiro a erva na latrina, chá, café e fantasia.
Ultrapasso um camião, passo fronteira e portagem.
O écran do alcatrão devorou a tua imagem.
Estou tão longe, estou tão perto, sei que nunca hei-de chegar
onde vou não sei ao certo, já não posso mais parar.
Contigo leio o futuro nas gotas do pára brisas,
coração inseguro, mãos vazias, indecisas.
Néon pálido, luar, Via Láctea, solidão,
tenho ganas de beijar o espelho da escuridão.
A grande roda da sorte é uma curva sem fim,
do outro lado da morte há uma estrada só p'ra mim.
A chuva voltou. O mau tempo regressou e uma viagem de duas horas à noite, com a chuva por companhia, a coar memórias...
Dei por mim a recordar versos de Abrunhosa, versos geniais de música de e para a estrada. A chuva atingia os vidros com estrépito e os limpa pára-brisas rompiam a harmonia das gotas de chuva presas ao vidro.

Nesse momento, recordo novamente Abrunhosa. Da chuva faço mil estradas de vidro, / no meu carro a rolar (...). Depois, como bênção dos deuses da chuva, a chuva parou!
E o carro continuou a rolar estrada fora, não de Bayonne a Milão, mas de Elvas à Covilhã...
1 comentário:
Fico contente por saber que andas a ouvir tão boa música!! Fantástica não só para ouvir qnd se conduz... genial para ouvir em todos os momentos... em cada lugar...com alguém especial...(ou não)!
Beijinhos
Ana
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